Geografia da crise: a reprodução crítica do capital e a crise do coronavírus

Resumo: A crise sanitária é inegavelmente derivada da propagação das enfermidades decorrentes do contágio por coronavírus (causador da COVID 19), que apresenta um potencial de infecção e de letalidade que levou a OMS a declarar a existência de uma pandemia global. A crise sanitária, porém, tem pressionado diversos países a adotarem medidas de contenção e de reparação dos danos provocados pela pandemia. A queda na demanda por diversas mercadorias e serviços, aliada a uma situação anterior de extrema vulnerabilidade da economia mundial, parece conduzir a uma depressão econômica talvez sem precedentes. Nossos estudos indicam que o cenário econômico mundial, anteriormente à crise do COVID 19, apresentava sinais de estagnação, com alto endividamento público e privado e com a ocorrência de bolhas nos mercados de ações. Além disso, o processo de mecanização e automação já conduzia à expulsão generalizada de trabalhadores dos seus postos de emprego. No entanto, o estouro da crise sanitária parece ter desencadeado processos que não apenas agravam as tendências anteriores à financeirização, ao desemprego em massa e à depressão econômica em escala mundial, como também sugere a possibilidade de mudanças significativas nas respostas estatais à crise. Todos esses processos precisam ser analisados com uma perspectiva crítica, que vá além da falsa dicotomia entre economia e saúde.
Sugerimos, por meio desta proposta, a oficialização de uma Rede de Colaboração Internacional para a análise crítica da crise econômica atual e sua relação com a pandemia de coronavírus. Essa articulação de pesquisadores de instituições de pesquisa e ensino e de grupos de estudos do Brasil, da França e da Alemanha vem ocorrendo há muitos anos na relação estabelecida entre os coletivos Krisis e Exit!, da Alemanha, e o grupo de estudos de crítica do valor-dissociação do Laboratório de Geografia Urbana (LABUR), da USP. Desde 2017, o Laboratório de Estudos Territoriais, do CCHN/UFES, organiza eventos, publicações, orientações e grupos de estudos sobre a teoria da crise, o colapso da modernização e as particularidades nacionais, em explícito diálogo com aqueles grupos. Nesse momento, voltamos esse conhecimento construído para analisar o desdobramento da crise econômica e social, em escala mundial, e seu agravamento por conta da rápida propagação do COVID-19 e das medidas tomadas para contê-lo. Assim, sugerimos realizar um levantamento bibliográfico das análises que estão sendo feitas por diversos pensadores e pesquisadores, realizar a leitura crítica dos textos selecionados em reuniões virtuais, promover debates com pesquisadores de outras instituições e fazer um balanço escrito, a partir da crítica do valor dissociação.

Data de início: 27/05/2020
Prazo (meses): 12

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